"A batalha pela coroa já começou, mas qual das três irmãs
triunfará? Após os inesquecíveis acontecimentos da Cerimônia da Aceleração
e com o Ano da Ascensão em andamento, as apostas mudaram: Katharine,
outrora a irmã mais fraca, agora está mais forte do que nunca. Arsinoe, após
descobrir a verdade sobre seus poderes, deve aprender a usar seu talento
secreto a seu favor,. E Mirabella, antes a favorita
para o trono, enfrenta uma série de ataques enquanto vê a fragilidade de sua
posição. Em meio ao perigo constante, alianças serão formadas e desfeitas.
As rainhas de Fennbirn terão que combater a única coisa no caminho entre elas e
a coroa: umas às outras."
Um Trono Negro, sequência de Três
Coroas Negras, não só é um bom livro, como, me arrisco a dizer, é muito mais
apto a agradar gregos e troianos do que seu predecessor. Isso porque, como
comentei na resenha de Três Coroas Negras, muita gente reclamou que o título
original era lento e só foi tomando ritmo lá pelos últimos 2/3 da leitura. Eu
não compartilho dessa queixa, mas consigo entender de onde vem as reclamações.
A boa notícia, crianças do meu Brasil, é que Três Coroas Negras já começa
totalmente engrenado e mantém o bom ritmo até o final. Ou seja: se você só foi
curtir a leitura do seu predecessor lá pelos 48 do segundo tempo, se joga aqui
sem medo que isso não vai ser um problema desta vez.
Muitas coisas acontecem em Um
Trono Negro e, para um livro intermediário, nada, em momento algum, me pareceu
simples filler. Pelo contrário,
temos ação, confrontos e reviravoltas ininterruptas, com outro final de cair o
queixo (embora, não posso negar, o final do primeiro livro tenha sido mais chocante para mim).
Curioso que, embora tenha um
ritmo mais acelerado que seu predecessor, a autora consegue aprofundar de
maneira satisfatória a relação entre as diversas personagens e manter o
interesse do leitor em todas elas. Em um livro de pontos de vista alternados,
isso nunca é uma missão fácil, mas Kendara Blake se sai bem mais uma vez.
E olha que Em Um Trono Negro, não
são poucas as personagens para as quais você vai torcer, ou, no mínimo, se
interessar em ler a respeito. Arsinoe
continua sendo minha personagem favorita, e, por favor, podemos todos fazer uma
pausa coletiva para dizer que ela e Billy são dos casais mais fofos dos últimos
tempos (embora, claro, eu reconheça que se Arsinoe lesse essa definição, ela
iria fazer uma cara de nojinho e negar tudo, o que só reforça a minha tese)? Também
não tenho vergonha nenhuma em admitir que o urso Braddock é possivelmente minha
adição favorita à lista de personagens regulares da série, se é que posso
chamá-lo disso – todos estão convidados a me julgar, fiquem à vontade.
As revelações acerca de Jules
também aumentaram meu interesse em sua jornada pessoal nesse volume, embora
Joseph continue me dando sono. Madrigal é a personagem mais subestimada dessa
série - ela pode não ser a pessoa mais bacana do mundo, mas ela é divertida de
se ler e, DE FATO, REALMENTE AJUDA (acho
que gosto mais dela do que da Jules – some isso ao meu apego ao urso e você
terá um retrato bem claro da minha personalidade). Mirabella cresce como
personagem e ganha mais complexidade e simpatia nesse volume – realmente achei a
relação dela com Billy e o compromisso deles em honrar Arsinoe tocante. E
Katherine, depois daquele final bombástico que o primeiro livro reservou para
ela, (res)surgiu mais sinistra e sombria do que nunca, sendo não só peça
fundamental para movimentar a narrativa, como servindo de um bem-vindo
contraponto às demais rainhas, suas irmãs, que estão mais no espectro
maniqueísta do “bem”. De novo: cada uma das
personagens pode ser vista como heroína de sua própria estória ou algoz da
estória de suas irmãs, mesmo que uma visão mais tradicional nos leve a, via de
regra e a partir deste livro, colocar Arsinoe, Mirabelle e (embora não seja uma
das rainhas, sua importância à história é comparável a elas) Jules no lado do “bem”
e Katharine no campo contrário. Dentro de sua própria jornada e estória, porém,
os motivos de Katherine não são tão facilmente caracterizados como malévolos quanto uma
primeira impressão poderia sugerir.
Nem tudo, claro, é perfeito,
ainda que Um Trono Negro seja um livro muito competente, que mantém as
boas características do original. Para mim, pessoalmente, o arco de Pietyr foi
dos mais irritantes de se ler, pelo simples motivo de que
NÃO.FAZ.SENTIDO.ALGUM. Depois do final bombástico do livro anterior, criei e li
algumas teorias sobre o que poderia ter motivado as ações da personagem no final
do livro e posso garantir que cada uma delas é melhor do que a justificativa
que nos foi dada em Um Trono Negro. Uma criança de cinco anos poderia ter
pensado em algo com mais verossimilhança, para ser honesta.
Ainda assim, o saldo continua
sendo muito positivo e mantenho que a série é das mais competentes dos últimos
anos no gênero de fantasia categorizada como YA. Leitura mais do que
recomendada para os fãs do gênero e, insisto, mesmo para aqueles que pensaram
que o primeiro livro da série foi lento.
Agora, não posso deixar de
perguntar: como eu vou esperar mais meio ano pelo livro três e, aí, mais um
bocado de tempo pelo livro quatro? Kendara Blake, você não tem coração?
Narrativa: 4/5
Narrativa: 4/5
Desenvolvimento das personagens: 4/5
Avaliação Geral: 4/5
Avaliação Geral: 4/5