Todo mundo que curte Game of
Thrones (ou seja, todas as boas pessoas do mundo) já se pegou ao menos uma vez
lendo os livros ou vendo a série e dizendo mentalmente “Ned, realmente você não devia revelar todo o seu plano para a Cersei”
ou “Rob, se eu fosse você eu NÃO iria no
casamento dos Freys depois de quebrar a aliança com eles”, isso sem contar
o “Cat, sério, não solta o Jamie, puta
cagada” e etc, etc, etc ad infinitum.
Impossível acompanhar GoT sem tentar alertar as personagens que “É uma cilada,
Bino!” e pensar que você se sairia melhor do que eles nessas situações porque, “porra,
quem achou que era uma boa ideia dar poder a um monte de fanáticos religiosos afinal? Mata todo mundo de uma vez, Tommen!”
E se houvesse uma maneira de te
dizer como você se sairia nessas situações? Não é o sonho de todo o fã de GoT,
consertar as besteiras que todo mundo fez ao longo de “As crônicas de Gelo e
Fogo”? Então, olha só, tenhos duas noticias para você, uma boa e uma má. A boa
é que isso é possível graças ao jogo de GoT desenvolvido pela Telltale Games. A
má é que, deixa eu adiantar para evitar frustrações, você se sairia pior que
Ned Stark. Que droga.
O jogo de GoT desenvolvido pela
Telltale segue o modelo dos demais jogos dessa desenvolvedora: são narrativas
muito ricas do tipo “escolha e consequência”, com eventuais (mas esparsas)
cenas de ação e exploração do tipo “point anc click”. Em outras palavras: é
como ver o seriado de GoT, só que o jogo te permite escolher a todo o momento,
escolhas pequenas ou grandes em diálogos e ações. E o resultado do jogo (e o
destino das personagens e da Família Forrester consequentemente) muda de acordo
com o que você escolheu.
Cersei pensando em formas de acabar com você |
O mais legal é que há um tempo
para você escolher (pouco tempo, aliás), uma forma que os desenvolvedores encontraram
para simular escolhas “reais” com as quais as personagens do universo de GoT
são confrontadas – elas, afinal, não decidem do sofá comendo pipoca e bebendo
vinho já tendo lido os spoilers do Red Wedding como você. Decidir questões de
vida ou morte (ou mais banais, mas com consequências) que se apresentam sem
prévio aviso em 10 segundos é MUITO DESESPERADOR, acredite em mim. E quantas
vezes você não vai escolher para 1 segundo depois pensar “AI NÃO QUE DROGA,
QUERO VOLTAR”. É uma experiência igualmente divertidíssima e terrível para sua
gastrite.
Por exemplo, e sem maiores
spoilers, em um detemrinado capítulo você precisa se livrar de uma faca e pode
escolher guardá-la ou jogar fora. Eu escolhi guardar e depois fiquei tipo:
“CARA NESSA ÉPOCA NÃO TEM DIGITAIS, ISSO É GOT NÃO CSI! CERTEZA QUE VÃO ME
PEGAR COM ISSO AGORA, PQP!!!!”. Enfim, é a angústia do mundo moderno, já diria
Sartre.
Em termos de história, a
narrativa do jogo mistura os acontecimentos e personagens da série, mas insere
uma nova família protagonista da trama, os Forrester, nortistas leais aos Stark, mencionados brevemente nos livros. O jogo se inicia na noite do casamento
vermelho e da espiral descendente em que os Forrester entram a partir de então
para manter sua família e sua propriedade a salvo da loucura em que Westeros,
mas principalmente o norte com os Boltons como seus guardiões, se transformou.
Assim como os livros, o jogo se alterna sob o ponto de vista de diversos
personagens em locais geográficos distintos, todos da família Forrester ou
leais a eles. Tem gente em Porto Real (meu cenário favorito para jogar – tanta
intriga política!), na muralha, na propriedade dos Forrester e até do outro
lado do oceano, em Westeros. E suas ações em um dos cenários afetam todas eles.
Tão felizes e inocentes sem saber o que estava por vir ;____: |
Sendo GoT, não podia faltar
reviravoltas, gente doida e intriga política. Você vai amar cada segundo e se
ver tendo que fazer opções moralmente dúbias na tentativa de salvar sua família
– ou se manter honrado e sofrer as consequências. É a experiencia definitiva do
universo GoT, porque te permite viver e, mais importante, escolher dentro dele,
bem como observar o desenrolar dessas escolhas para você para os demais
personagens (dano colateral, anyone?).
O jogo é divido em seis capítulos
e cada um rende por volta de 2h30 de jogo, todos lançados (e disponíveis no Steam). A segunda temporada já foi confirmada - fico feliz, mas confesso que achei que faltou conclusão à primeira temporada. Os gráficos são muito bons
e a dublagem também – ver personagens conhecidos como Cersei, Tyrion, Margery,
Jon Snow e Ramsey Bolton (não vou dizer Daenerys porque não entendo o apelo
haha) é uma alegria. E a bitch face da Cersei é igualzinha a da “vida real”,
estou emocionada em reportar.