“Sally Lockhart tem 16 anos, é órfã e acabou de matar um homem. Não com uma arma, apesar de estar com uma pistola e possuir a coragem de usá-la. Sally matou o Sr. Higgs com apenas três palavras - "as Sete Bênçãos". Sally ainda não sabe o significado delas (...),sabe apenas que fará qualquer coisa, será qualquer coisa, dirá qualquer coisa para descobrir."
SALLY E A MALDIÇÃO DO RUBI (Sally Lockhart #1)
PHILIP PULLMAN
212 páginas.
Editora Objetiva, 2009.
Na verdade já possuía outras resenhas prontas para serem
postadas antes desta. Mas terminei de ler “Sally e a Maldição do Rubi” nesta
semana e gostei tanto, mas tanto, que me convenci a deixar Sally estrear esta
seção do blog.
Primeiramente, me dei tapas mentais por ter deixado este
livro passar despercebido pelo meu radar até agora. “Sally e a Maldição do
Rubi” foi lançado no Brasil em 2009 pela Objetiva, mas na verdade é um livro de
1985! É a primeira parte de uma trilogia composta por “Sally e a Sombra do
Norte” e “Sally e o Tigre no Poço” (ambos já lançados no Brasil, também pela
Objetiva) e um spin off denominado “The Tin Princess”, por enquanto sem data
de lançamento por aqui.
Mas vamos ao que interessa: O livro se passa em Londres, na
era vitoriana. E quem não gosta da era vitoriana? Além, é claro, dos povos
subjugados pelos ingleses no período. De todo modo, é muito legal como o autor
aborda assuntos como o domínio marítimo inglês, a Companhia das Índias e a
questão do ópio.
E é uma estória de mistério, um mistério que você não vai
sacar na metade do livro ou por ler a sinopse. Aliás, um mistério que você só
vai sacar quando o autor quiser que você saque. Sei que isso parece exagero,
mas em tempos de livros com anjos na capa e “Edward é um vampiro” na sinopse,
são essas pequenas alegrias de não adivinhar tudo antes da hora que me fazem
não perder a fé nos livros YA.
Basicamente, “Sally e a Maldição do Rubi” acompanha Sally
Lockhart, uma garota de 16 anos cujo pai, um agente marítimo, está desaparecido
após suas escuna ter naufragado próximo à Cingapura (não é spoiler, acalme-se!).
Ela recebe um bilhete misterioso poucos dias depois no qual se lê “Sali (sic) fique atenta às Sete Bênçãos.
Marchbanks ajudará. Chattum. Atenta querida”. E é aí que começa a estória.
Sally, que não tem a menor noção do significado do bilhete, começa a buscar
respostas sem nem desconfiar do perigo que corre.
Falando em Sally, ela é uma heroína excepcional. Educada
pelo pai, a garota não tem a menor noção de francês, arte, música ou prendas
domésticas (um absurdo para a época), mas sabe atirar e cavalgar, além de
entender o funcionamento da bolsa de valores e de contabilidade. É uma
protagonista bem resolvida e independente. As outras personagens também são excelentes,
desde os companheiros mais próximos de Sally, como o assistente de escritório
Jim (viciado em revistas de mistério para garotos) e o fotógrafo Fred
(talentoso, mas um desastre quando se trata de finanças), passando por
personagens de menor destaque como Tembler (um ex-trombadinha que trabalha com
Fred) e culminando com a Sra. Holland, uma maligna velinha dona de pensão (o
fato dela ser muito velha serve para torná-la ainda mais assustadora, acreditem).
“Sally e a Maldição do Rubi” não está livre de
clichês nem possui a estória mais sensacional do universo, mas é com certeza um
dos melhores livros que li nos últimos tempos. Pullman consegue contar a
estória de maneira envolvente, sem enrolação e adjetivação desnecessária (este
mal que se abate sobre todos nós no pós era Crepúsculo). A narrativa é fluída,
os mistérios apresentados não são previsíveis e os personagens são extremamente
carismáticos. Sinceramente, fazia muito tempo que eu não gostava de todo o
quadro de personagens de um livro - the good, the bad and the ugly (todos
juntos como uma grande família...ou nem tanto)!
Sr. Pullman, você é um divo! |
Mal
posso esperar para adquirir meu exemplar de “Sally e a Sombra do Norte”, que
com certeza passará na frente dos outros livros da minha pilha (não, eu não
tenho a menor disciplina para leitura, ao que parece).
Narrativa: 5/5
Desenvolvimento
das personagens: 5/5
Fator X:
A protagonista não é uma retardada que passa o livro correndo atrás da sua
metade da laranja... E eu já mencionei a era vitoriana?
Avaliação Geral: 5/5
4 comentários:
OMG!!!! Leka!
Faz muito tempo que agente perdeu o contato, fiquei muito feliz com seu comentário no Dear Book! ^^
E ai como ta vida? News?
Saudades dos tempos dos nossos sites, foruns e etc.
Por mais que eu tente nao consigo ficar muito tempo longe disso =x Sempre um blog/site/forum novo XD
Meu Email/MSN continua junykiedis@gmail.com (entrando pouco até minha apresentação do TCC, que ta consumindo meu tempo e vai ser 30/11)
Quero tanto ler essa série! Mesmo que se eu não soubesse que é escrita pelo Pullman (CORAÇÕEZINHOS!), pareceria legal mesmo assim... era vitoriana! Yay, yay!
Cheguei aqui por indicacao da Juny, que mencionou seu blog no twitter. Gostei demais, você escreve muito bem e estrutura suas resenhas de modo diferente e inteligente. Nao conhecia esse trabalho de Phillip Pulman, apesar de ter me decepcionado um pouco com A Bússula de Ouro e amado um conto que ele escreveu em A Caverna dos Magos ( recomendo caso nao tenha ! ). Com tantos blogs literários nascendo, a gente logo percebe quais valhem a pena acompanhar, os que se destacam. Vou viver por aqui, se prepare porque eu perturbo mesmo ! rs
Seria um prazer ter você em meu blog também, o Blog das Resenhas /( www.mestredasresenhas.wordpress.com ).
Se acostume com meus testamentos er...comentários =)
Beijao,
Victor
Tava por aqui, nem lembro fazendo o que e a minha curiosidade venceu quando vi "Arquivos Secretos". Bem, não esperava mesmo arquivos secretos de verdade, mas também não esperava Philip Pullman. Já tinha gostado do seu estilo de escrever, então por que não parar pra ler? Eu nem estou com os olhos pequenos de sono e tenho que fazer o backup do pc inteiro, estou praticamente livre.
Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas não pesquisei muito. Foi uma espécie de leve curiosidade e eu não imaginava que já estava lançado assim. Você não diz nada, então não sei se leu a série Fronteiras do Universo dele, que é uma das melhoras que eu já li. Um mundo totalmente diferente. *Momento de se lembrar que não sou EU fazendo a resenha* Continuando, sempre quis ler algo dele, de modo que foi só o seu primeiro parágrafo pra me fazer ter certeza de que vou ler. Sério.
Você recebe aviso de comentário? Porque não faz nenhum sentido eu ir falar desse livro em outro, apesar do tempo. E tem até um comentário do Victor aqui também. HAUHA
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