domingo, 12 de novembro de 2017

CATCHING JORDAN (Hundred Oaks #01)

"Jordan Woods não está apenas cercada de garotos bonitos, ela os lidera como capitã e quarterback do time da escola. Eles a enxergam apenas como mais um dos garotos e tudo bem. O importante é que ela consiga uma bolsa de estudos para uma grande universidade. Porém tudo o que Jordan trabalhou para conseguir é ameaçado quando Ty Green é transferido para sua escola. Ele não é só um excelente quarterback, como também é incrivelmente bonito. Pela primeira vez, Jordan se sente vulnerável. Ela conseguirá manter sua cabeça no jogo e o coração na linha?"




Disclaimer: Queria começar dizendo que achei esta resenha, datada de outubro de 2015, na minha lista de "escrevi e nunca publiquei". Que vergonha. O texto a seguir é o mesmo que escrevi na época. E nas próximas semanas outros rascunhos encontrados nos escombros do blog podem vir a luz, vamos ver. 


Catching Jordan, que por enquanto não foi publicado no Brasil, me decepcionou. Não foi o pior livro que eu li na vida nem nada do tipo, mas está longe, muito longe de Dairy Queen (já leu a resenha aqui?). Comparo com Dairy Queen porque é meio impossível não fazê-lo: os dois trazem uma protagonista envolvida com futebol americano no ensino médio, uma cidade pequena, um interesse amoroso com o qual as garotas que até então estavam 100% focadas no esporte não sabem lidar e alguns problemas familiares latentes. O fio condutor de ambas as histórias é parecido e, ainda assim, elas não podiam ser mais diferentes. Talvez um dos meus problemas tenha sido que eu queria um segundo Dairy Queen, um dos meus livros favoritos, mas é óbvio que essa é uma expectativa idiota e, a bem da verdade, pouco justa. 

Catching Jordan é um romance contemporâneo juvenil e segue Jordan, capitã do time de futebol americano de sua escola e respeitadíssima pelos colegas de time (a equipe a adora ao invés de tentarem diminuí-la por ser a única garota em meio a vários brutamontes - e isso é bem legal). As coisas começam a mudar com a chegada de Ty, um quaterback tão bom quando Jordan e que representa uma ameaça para ela no time. Porém, ao mesmo tempo que se ressente, Jordan começa a se interessar pelo novato e não sabe como agir. Não bastasse isso, seu amigo de infância, Sam, parece estar cada vez mais distante conforme o relacionamento de Jordan e Ty progride – sútil, muito sútil. Além do drama adolescente do primeiro amor (ok, vou tentar maneirar a minha ironia), Jordan ainda tenta lidar com seu pai, um famoso jogador de futebol americano que se interessa mais em apoiar os amigos de Jordan do que a própria filha, e com a expectativa em relação ao recrutamento das faculdades – será que considerariam uma garota para os seus times?

O livro fluiu bem até a metade – não era perfeito, mas estava fácil avançar na leitura. Da metade para frente, parece que a personalidade mais despreocupada das personagens sofreu uma transformação 180 graus e tudo virou muito sofrimento, muito “como a vida é difícil”, muito chororô...E, óbvio, pelos motivos mais bobos do mundo. Sério, eu não tenho saco para angústia juvenil. Passei dessa fase, tenho 20 e muitos anos e zero paciência, thank you very much.


As personagens também não são lá muito memoráveis (prova A: ao escrever essa resenha tive que buscar no Google o nome do garoto novo, Ty, porque minha memória deletou a informação). Claro que é  empoderador ter uma menina liderando uma equipe de futebol americano, um esporte tradicionalmente masculino, e se saindo bem. Por outro lado, Jordan também pré-julga todas as demais garotas que andam próximas ao seu grupo de rapazes e as considera fúteis e – esse é o melhor termo em português para isso – piriguetes. Só porque elas não querem jogar futebol americano e sabem para que serve um curvex? Que tipo de padrão duplo é esse em que só porque uma menina escolhe atividades mais femininas ela é "menos" em uma escala de valor? Isso não é feminismo, é burrice. Feminismo é sobre as mulheres poderem fazer suas próprias escolhas, livre de julgamento em função do seu gênero. Essas escolhas podem ser futebol americano ou não. Claro, Jordan é jovem e faz parte da imaturidade da personagem – eu mesma, quando era mais jovem lembro de coisas que fiz e pensei e tenho vergonha pela misoginia enrustida que eu não percebia na época. Por outro lado, a “eu” de vários anos atrás não era a protagonista de um livro em primeira pessoa, então ninguém precisava aguentar a pessoa horrível que eu era (fora amigos e família).


De maneira geral Jordan é bem imatura, inclusive para lidar com sua primeira crush – lembrando que ela não tem 13, mas quase 18 anos. Então não deu para me apegar a ela, desculpa. 

Não amei ninguém, não torci por ninguém...E só me diverti na primeira metade. Se todo o livro tivesse mantido aquele passo e dosado melhor os momentos depressão juvenil próximo ao final, teria gostado mais (nem todo livro precisa mudar minha vida, na maior parte das vezes eu só quero me divertir). Ainda vou ler algo mais da autora para saber se meu problema foi com esse livro pontualmente ou não, mas sem nenhuma pressa.

No mais, se quer ler algum YA que envolva esportes e que fale de gênero e aceitação em atividades tipicamente “masculinas”, vá direto ao adorável Dairy Queen. É um livro infinitamente superior à Catching Jordan.

Narrativa: 2/5
Desenvolvimento das personagens: 2/5
Avaliação Geral: 2/5

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