domingo, 5 de novembro de 2017

DISCUSSÕES FILOSÓFICAS NIILISTAS (HÁ!) #02 Sobre não terminar livros

Por toda a minha vida de leitora, orgulhosamente proclamei que o único livro que eu não havia acabado era “O triste fim de Policárpio Quaresma”, aka a obra mais chata já escrita na face da terra. Me perdoem todos os professores de literatura, mas tentar ultrapassar a marca de cinquenta páginas nesse livro foi uma das experiências mais sofridas que já tive. Eventualmente, larguei a toalha e fui ler um resumo na internet para me arranjar na prova.

Mas enfim, a postagem não é sobre “O triste fim de Policárpio Quaresma” e minha prova de literatura há mais de uma década atrás. Até porque não li, então não é como se eu tivesse muita coisa para falar a respeito, vamos ser sinceros. Esse post é, na verdade, sobre livros não concluídos. E sobre como isso é perfeitamente ok e normal e a fila anda, amigos, E TUDO VAI FICAR BEM REPETE COMIGO.



Sim, ainda estamos falando de livros.

Fora o famigerado “O triste fim de Policárpio Quaresma”, até recentemente não havia nenhum outro livro na minha lista de “não terminei e, quer saber, nunca vou terminar”. Pode parecer besteira, mas quando iniciava uma leitura, por mais excruciantemente chato que o livro fosse, me obrigava a lê-lo até o final. Conversando com outras pessoas, vi que muita gente faz o mesmo. E no fim das contas, por quê?

Precisei de vários anos para entender que insistir em uma leitura que te dá zero prazer é besteira. Ler, se não for para sua formação profissional, um curso ou algo assim, é (ou deveria ser) um ato de prazer. Deveria ser ficar acordado até tarde lendo porque a história está muito interessante e “meu deus, casal principal, quando vocês vão admitir seus sentimentos um pelo outro??????”. Ou, na pior das hipóteses, porque nem todo livro será seu favorito e digno de sua privação de sono, ler não deveria ser chato. Claro, bons livros podem ter passagens que te agradem menos ou mais, mas se você prefere não ler porque vai ter que ler “aquele livro” em que está no meio, há algo de errado. Abandona seu Policárpio e MOVE ON.

Parece bobo, mas é libertador. A chance de você ter uma ressaca literária diminui consideravelmente. Além disso, há tantos livros maravilhosos no mundo – e tantos livros maravilhosos para você, de acordo com suas preferências e expectativas. Por que se contentar com algo menos que uma experiência literária legal? 


Certamente Policárpio é maravilhoso para alguém – QUEM EU ME PERGUNTO - só não para mim.

Não estou dizendo para abandonar todo o livro que você achar ruim (embora, se você achar que é o caso, vai lá, não é como se houvesse regras). Mas aqueles que você está com zero saco de continuar? Foge deles.

E resenhas de livros não concluídos, faz sentido? Hoje em dia acho válido (o fato de você não conseguir terminar algo traz uma mensagem importante sobre o que você achou da obra), desde que fique claro que você não concluiu a leitura. Até porque para mim o grande trunfo de publicar e postar resenhas online é criar uma rede de pessoas com gostos similares que, em um mar de publicações, podem te ajudar a encontrar uma próxima experiência literária mais satisfatória. Mas isso é assunto para outro post.

Obs: O "Discussões Filosóficas Niilistas #01" é uma postagem de 2010, eu acabei de descobrir. Um misto de alegria, tristeza e "deixa eu entrar na fila da previdência" se abate sobre mim.


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