DIÁRIO DE VIAGEM - OHAYOU, JAPÃO!

Japão. O lugar mais mágico da terra. Meu lugar favorito no mundo. Meu lugar no mundo.

Ok, esse começo foi levemente dramático, mas para mim é difícil falar do Japão com algum tipo de objetividade. A verdade é que desde que eu me conheço por gente, talvez com uns 10 ou 11 anos, meu sonho era conhecer o Japão. Eu sabia, SABIA, que seria incrível. Afinal, o projeto de pessoa que eu era na época não podia duvidar que o país responsável por mangás, animes e meus jogos de videogame favoritos seria algo menos do que mágico.

Então, com 24 anos, eu fui. E voltei uma pessoa convencida de que sim, aquele é meu lugar favorito na terra. Eu estava certa todo esse tempo – e eu adoro estar certa!

O objetivo desse diário de viagem é espalhar o amor pelo Japão porque essa é minha missão na vida contar um pouquinho da minha experiência planejando a viagem, responder as dúvidas mais frequentes de quem tem vontade de se jogar no outro lado do mundo e falar sobre o roteiro: o que fazer, o que comer, aonde ir.

Vou ser sincera: me irritam muito aqueles roteiros de viagem do tipo “você precisa ir/fazer/comprar” tal coisa – viagens são uma experiência muito individual e não há regras. Não é isso que vou tentar fazer aqui, a ideia é trocar informações, contar o que usei para planejar o roteiro, o que funcionou (e o que não), o que eu gostei e o que achei que poderia ter feito diferente. Enfim, são dividir experiências pessoais que podem ou não funcionar para você. Use com moderação!

Nos próximos sábados, então, chega mais no Lekatopia para gente bater um papo sobre a terra do sol nascente.

Nessa primeira postagem, vou fazer o Dr. Drew e tentar te ajudar a superar as barreiras mais comuns no processo para decidir que, sim, você vai ao Japão e é hora de começar a planejar! Pode parecer besteira, mas muita gente tem vontade de conhecer o Japão mas “ouviu dizer” que é caro, difícil, longe...Tá, longe é mesmo. Contudo, muitas das coisas que imaginamos sobre uma viagem ao Japão não são verdade. Vamos lá.

Tem tantos outros lugares no mundo, não? Porque o Japão é um lugar que vai te tirar da sua zona de conforto! Tem uma cultura muito particular fascinante para nós ocidentais, porque é distante do nosso cotidiano. O Japão é cheio de contradições maravilhosas para qualquer explorador. São paisagens lindas e muito neon a noite, templos antigos no meio de arranhas céus imponentes, cidades subterrâneas nos metrôs – e que, pasmem, são área nobre, pessoas usando kimonos lado a lado com gente fazendo cosplay, piquenique nos parques para contemplar as cerejeiras e gente saindo tarde do trabalho...São tradições de mil anos convivendo com um futuro que nem chegou para gente.

E se, como eu, você for um geek assumido, you’re in for a treat, amigo.

É fácil comer no Japão? (ou “detesto comida japonesa, e agora?”) É fácil. E você não precisa gastar muito para comer bem, você pode pagar algo próximo de 3 dólares para comer no MC Donalds se estiver com o orçamento apertado, ou 15 dólares para comer em um restaurante normal, mas gostoso (claro, se você quiser libertar a Sofia Copolla em você e jantar no bar do Hyatt, vai gastar uma fortuna). A comida de rua também é muito gostosa e tudo no Japão é muito limpo, então qualquer lugar que você entre é jogo, nada de “espelunca”.

Quanto ao “não gosto de comida japonesa”, não deve ser um problema. Isso porque: (i) geralmente no Brasil só comemos sushi e sashimi como comida japonesa, mas ela é muito mais rica do que isso – lamens são universais, gente! E as delícias fritas, como okonomiyaki, tonkatsu kare, bolinhos de polvo (esqueci o nome!)...Tem para todos os gostos; e (ii) você encontra todo tipo de comida "não japonesa" lá – eu que adoro dei uma cansada no meio da viagem e fui comer lasanha de beringela em um restaurante italiano rs. Talvez, e ai eu digo com honestidade, vegetarianos tenham um pouco mais de dificuldade.

Me disseram que é muito caro! Não é bem verdade. A moeda do Japão, chamada “iene”, possui um lastro bem parecido com o dólar para os brasileiros. Quando eu fui, em abril de 2014, o dólar estava a R$2,20 e o iene tinha uma cotação similar (convertendo aqueles vários zeros, claro). Ou seja: naquela época era mais barato ir ao Japão do que a Europa. Hoje, com o dólar na casa dos R$4,00, está caro visitar o Japão – mas não é por causa do Japão, e sim pela desvalorização do real. Para gente está caro visitar quase que qualquer lugar!

Agora, quando você compara o Japão a outros países da Ásia, sim, realmente ele é mais caro. 

LONGEEEEE... Não vou nem tentar te desmentir. É longe. É muito longe. Cara, é um dos lugares mais longes que você pode visitar saindo do Brasil. Eu fui via Estados Unidos e, entre três voos, foram 36h de viagem. É realmente muito tempo e eu cheguei no Japão citando Lana Del Rey: “queria estar morta”. Só que vale muito a pena! E tem coisas que você pode fazer para o processo ser menos doloroso. Por exemplo, na volta fiz um “pit stop” de 4 dias em Los Angeles já que o voo pararia lá de qualquer forma. Não paguei mais por isso, conheci uma cidade diferente e ainda dei uma “quebrada” boa na viagem de volta.

Deus, o idioma!!!! A menos que você já fale japonês, você só vai aprender aquelas palavras básicas de cordialidade para ir para lá (bom dia, obrigada, adeus...). E com honestidade o inglês da maioria dos japoneses é muito difícil de entender (a moça do trem ficava me dizendo algo que como “sem data” e no fim das coisas ela queria dizer “sold out” – ela teve que escrever para eu entender) – isso quando você acha alguém que fala inglês. Então no fim do dia a comunicação é muito na base dos gestos, do apontar fotos no cardápio e no “se programar antes”. Tudo dá certo e é bem mais simples do que parece. O japonês tem muita vontade de ajudar e é extremamente simpático com os turistas – eles vão fazer de tudo e vão dar um jeito de te entender, vai sem medo. Voltei do Japão campeã de “Imagem e Ação”.

Para começar é isso. Tem mais alguma angústia existencial sobre ir ao Japão? Comenta aí e a gente vai trabalhar isso.

No próximo sábado falamos mais sobre por onde começar o planejamento, acomodações, gastos, transporte, épocas do ano e montagem de roteiro. 

Domo arigato!